Primeiros socorros são fundamentais para salvar vidas, quando feito por pessoas capacitadas. Estudos mostram que quando os primeiros socorros são prestados antes da chegada da ambulância, há mais chances de sobrevivência nos 30 dias após o ataque. E se fosse possível localizar pessoas treinadas em primeiros socorros que estivessem mais próximos do que a ambulância? Dois novos estudos mostram que essa possibilidade poderia salvar ainda mais vidas.
Para testar esta possibilidade um grupo de médicos do Instituto Karolinska, na Suécia, desenvolveram um aplicativo em que colocaram dados dos mais de 9.000 voluntários treinados em massagem cardiopulmonar. Quando alguém chamava um ambulância para casos de infarto fora de um hospital, o sistema acionava um dos voluntários que estivessem a 500 metros do local para eles socorrerem.
Nos 306 casos em que o sistema foi ativado, 62% receberam massagem cardiopulmonar antes da chegada equipe médica, enquanto nos casos monitorados em que o aplicativo não foi usado, apenas 46% conseguiram atendimento antes da chegada da ambulância.
Outro estudo feito pelo mesmo instituto, e com quatro pesquisadores em comum com a outra pesquisa, mostrou que a taxa de sobrevivência em 30 dias após um infarto é maior em pacientes que receberam primeiros socorros rapidamente. Pacientes que não recebem massagem cardiopulmonar tem 4% de chance de sobreviver 30 dias após o infarto, enquanto pacientes que receberam esta tipo de atendimento tem 10,5% de chances. Quando o socorro chega em menos de 3 minutos, então, esse percentual sobe para 21,6%.
A junção de ambas as pesquisas, publicadas no jornal científico The New England Journal of Medicine, mostra a importância de ter um atendimento rápido nesses vasos e que isso pode ser possível quando há medidas que aproximem os socorristas das pessoas que estão sofrendo uma parada.
Hoje, o sistema desenvolvido pelo Instituto Karolinska conta com 14 mil voluntários treinados em massagens cardiopulmonar, A ideia é que ele agora seja desenvolvido para que outros centros de chamadas de emergências no mundo todo possam ter esse banco de dados e usá-los para ajudar pessoas próximas.
Identificando e socorrendo um infarto
As doenças cardiovasculares são líderes em mortes no mundo, sendo responsáveis por quase 30% dos óbitos no Brasil. Dentre estas, o infarto agudo do miocárdio é a causa principal - e os riscos aumentam quanto mais demorado o tempo entre o início dos sintomas e o atendimento final. Enquanto como um sistema como esse não chega ao Brasil, veja como reconhecer um infarto e tomar os procedimentos adequados:
Reconheça os sintomas:
Os sintomas típicos do infarto incluem dor no peito, como uma sensação de aperto, de forte intensidade, sem fatores de melhora e/ou piora, com irradiação para o braço esquerdo e pescoço. Geralmente dura mais de 30 minutos e pode vir acompanhado de mal estar geral, náuseas e vômitos. "As mulheres e os pacientes diabéticos podem apresentar, de forma mais frequente, sintomas atípicos com falta de ar, cansaço desproporcional ao esforço e dor tipo queimação no estômago", afirma o cardiologista Bruno Valdigem, da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas.
Segundo o especialista, em homens a dor e aperto no peito ou queimação são muito comuns. Em mulheres, as dores podem assumir aspectos de pontadas, facadas, queimação ou aperto, entre outras.
Confira a lista de sinais suspeitos de infarto:
- Dor mantida desde a mandíbula até o umbigo.
- Geralmente uma dor estranha, impossível de localizar com a ponta do dedo.
- Normalmente dura mais que 20 minutos
- Costuma ter início após estresse emocional ou físico
- Fraqueza intensa e súbita
- Falta de ar de início súbito
Chame a emergência
Quando o paciente está infartando, as células do coração começam a morrer. "Ao acionar rapidamente o serviço de emergência, iniciando o tratamento, reduzimos a quantidade de músculo cardíaco acometido", lembra o cardiologista Alberto Fonseca, do Hospital do Coração do Brasil. Além disso, o indivíduo pode sofrer de arritmias na fase aguda do infarto, que se não forem tratadas podem levar a morte súbita.
Segundo o cardiologista Bruno, o diagnóstico do infarto nem sempre fácil. "isso por que outras doenças como dissecção de aorta e embolia pulmonar, podem simular infarto - e precisam ser tratadas com urgência", diz. Dessa forma, o menor sinal dos sintomas, devemos chamar a ambulância ou encaminhar o paciente a um hospital, o que for mais rápido.
Deixe a pessoa confortável
"Ao nos depararmos com um pessoa suspeita de infarto, devemos posicioná-la de forma confortável, de preferência sentada ou até deitada, afrouxando as suas roupas na tentativa de aliviar a sensação de falta de ar", afirma o cardiologista Rogério Andalaft, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Isso também pode ajudar a tentativa de manter a pessoa calma e consciente.
Ministrando medicamentos
Caso você tenha comprimidos de ácido acetilsalicílico infantil em lugar de fácil acesso, é importante dar o medicamento. "Ele ajuda a dissolver o coágulo de sangue que, junto com placas de gordura, estão obstruindo a artéria", explica o cardiologista Alberto. Devem ser administrados três comprimidos de 100 mg o mais rápido possível para o paciente, que deverá mastigá-los antes de engolir, para acelerar a absorção da medicação. Entretanto, essa preocupação deve ser adotada em pessoas que estão com manifestações menos graves do problema e têm condições de tomar a medicação. O mais importante, acima de tudo, é encaminhar ao hospital.
Cheque o nível de consciência da pessoa constantemente
"Ao se deparar com um paciente caído, não devemos movimentá-lo antes de certificar que não houve trauma craniano ou medular", alerta o cardiologista Alberto. Se o paciente apresentar sinais de escoriações ou machucados, evite manipulá-lo. No entanto, é de extrema importância tentar deixá-lo acordado, conversando com ele e verificando se está lúcido. "Tente acalmá-lo, informando que o socorro já está a caminho e dê os três comprimidos de ácido acetilsalicílico se a dor no peito persistir", lembra.
Desfibrilador automático
Ao reconhecer uma pessoa desacordada, sem movimentos respiratórios ou com um padrão de respiração irregular, a primeira coisa a fazer é chamar pela pessoa batendo nos ombros dela ou chamando por seu nome. "Percebendo que ela não responde e ou não respira você deve imediatamente chamar o serviço de urgência e se houver disponibilidade no local peça um desfibrilador automático", afirma o cardiologista Rogério. Segundo o especialista, esses aparelhos salvam vidas e são de fácil operação por leigos ou profissionais.
Ao chegar o desfibrilador interrompa o que estiver fazendo, ligue o aparelho, cole as pás adesivas no peito do indivíduo e siga as instruções faladas pelo desfibrilador. "No caso de paciente que está molhado ou em ambientes molhado, deverá ser seco e levado rapidamente para um local seguro", diz. Em pacientes com grande quantidade de pelos no tórax, siga as orientações presente no desfibrilador automático para raspá-los. "Existe uma lâmina de barbear dentro da sacola dos desfibriladores." Só pare as compressões quando o aparelho mandar ou quando a pessoa voltar a responder.
Massagem cardíaca
Caso a pessoa esteja desacordada e você não tem um desfibrilador automático por perto, inicie os procedimentos de reanimação cardíaca enquanto a emergência não chega. "Muitas pessoas deixam de atender pessoas em parada cardíaca pois não querem realizar respiração boca a boca, no entanto, desde 2010 a American Heart Association afirma que socorristas leigos não precisam realizar tal procedimento", diz o cardiologista Rogério. Dessa forma, a reanimação cardíaca envolve apenas compressões no peito. Siga o passo a passo:
- Com as mãos espalmadas e cruzadas, pressione o tórax exatamente no centro do peito, entre os dois mamilos.
- É preciso comprimir forte, rápido e deixar o tórax relaxar entre as compressões. A American Heart Association disponibiliza um vídeo mostrando que é possível sincronizar o intervalo das compressões com a música Stayin' Alive, da banda Bee Gees: http://www.youtube.com/watch?v=n5hP4DIBCEE
Cursos
Existem cursos no Brasil para não profissionais que podem ensinar você a lidar melhor com estas situações de urgência, mesmo que você não seja um médico, enfermeiro ou outra pessoa da área de saúde. Para isso procure um centro formador em hospitais próximos de sua cidade.
Fonte: Yahoo.minhavida
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